junho 16, 2011

Fagulha




Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

Ana Cristina Cesar

6 comentários:

Unknown disse...

Mortal e sem expiação. A verdade é aquela que não pode ser descrita, e quando escrita já não é mais a verdade. Linda poesia, que riqueza de imagens, e que bom gosto. Beijos, menina. Sempre.

Unknown disse...

Oi, me encantei com seu Blog!
lindo...
Estou seguindo-te.
Segue o meu Blog também?
Beijos


http://palavraseessencias.blogspot.com/

Lady Cronopio disse...

Djabal, acho tão bonita a palavra "expiação"... bom você trazê-la para mim.
E sim, esta poesia quase nos cega com tantas imagens...
Gosto de Ana.
Aquela toda coisa e beijos.
Sempre.

Lady Cronopio disse...

Oi, Eliane.
Fico feliz que tenha gostado.
Irei visita-la logo mais.
Beijos

Marcos Almeida disse...

Lindas palavras!
Somos todos feitos de estrelas, mas ainda assim admiro o brilho das tuas palavras!

Abraços

Abraxas disse...

Li coisas lindas aqui!...quero seguir!
Parabéns!