março 23, 2007

Promise


flor de lótus nascendo impune

no meio da bagunça deste coração que só conhecia a tristeza

arrebentando comportas de sentimento desigual

que me toma dias e horas me fazendo sorrir de tudo que existe de mais trivial.

dia amanhece, entardece, anoitece

e não sei mais nada que não seja

a memória do teu último beijo na minha boca

do teu abraço apertado

do teu olhar de saudade misturada com temor solto pela varanda da casa

enquanto eu pegava o casaco e dizia - até qualquer dia...

ainda hoje não sei, se de medo deste querer que já nasceu grande em nós

ou se de saudade do que não tivemos tempo para ter...

ah, mas não há dia que amanheça

e eu abrindo os olhos, não tenha o desejo de ter teu corpo quente a meu lado

não há tarde que se finde no brilho róseo do sol se pondo

e eu voltando para casa não pense,

em como seria bom,

estar chegando pros teus braços

pro teu peito porto seguro onde quero ancorar meus segredos

e não há noite que comece ou finde

que eu não esteja lembrando do teu olhar enviesado

sobre meu rosto, sobre meu corpo

a desvendar minha alma, então nua e tão entregue a tuas buscas

e não existem mais madrugadas em que não te busque a mão,

enquanto sonho em estar contigo outra vez

e desta, para sempre


albanegromonte

Querência De Amor


Nuvem,

Floco de neve,

Pena de rouxinol,

Nó de fumaça,

Brisa do mar à tarde

Oração de dormir na boca dos teus filhos,

Naco de algodão doce,

Sopro de anjo-da-guarda,

Balanço de rede na varanda,

Nota sonante no violão,

Gota de orvalho em pétala de rosa recém-nascida,

Sussurro de amor na madrugada...

Tudo e mais me tornarei

Para que seja leve

O meu passo no teu coração.


albanegromonte





Saudades Deste Poeta...


"Ainda que dentro de mim as águas apodreçam e se encham de lama e ventos ocasionais depositem peixes mortos pelas margens e todos os avisos se façam presentes nas asas das borboletas e nas folhas dos plátanos que devem estar perdendo folhas lá bem ao sul e ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim não sentirei o cheiro podre das águas e meus pés não se sujarão na lama e meus olhos não verão as carcaças entreabertas em vermes nas margens, ainda assim eu matarei as borboletas e cuspirei nas folhas amareladas dos plátanos e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você ah se ousássemos."


Caio Fernando de Abreu

To My Baby


Ela era só.

Solidão vaga em ondas de nada.

Ia e vinha,

Beira do mar

Ou bravo sertão.

Mágoa e feridas que não saravam

-Pobre e inquieto coração


Um dia, vento forte arrancou a porta da frente

E um assovio conhecido entrou-lhe pelos ouvidos


Ela olhou e sorriu de lembrar.

Os olhos antigos destelharam seu teto.

Percorreram sua alma&coração

E ela, abriu um sorriso que não mais sabia.


Mais um tempo de maremotos, terremotos e furacões.


Ela acreditou e foi.

Refez a s malas e partiu para o que nem mesmo acreditava.

Mas...


Anel faz-de-conta no dedo.

Nada prometido.

Apenas pressentido,

nas entrelinhas do bater do coração.


Coração dela que nunca desistiu

(e hoje sabe o porquê)

De ser feliz até.


albanegromonte

março 21, 2007

Para Quem Sabe

um dia acordas, olhas no espelho e não te reconheces.
"não pode ser eu!"
mas, o Tempo, amigo, é certo feito flecha de Cupido e sabe o que faz.
esta ruga nos lábios, é o beijo desejado, não dado, guardado em novelos de lã.
este franzir de olhos, é o amor que te passou adiante, cavalo selado e não foste com ele.
este traço em três linhas na tua fronte, nada mais que teu recusar ser alguém em outra vida que não a tua.
este esgar irônico nos teus lábios ressequidos por falta de beijos, vem da tua descrença no impossível de alguém te amar mais que a tu mesmo foste capaz.
é, meu caro, este espelho não te mente.
creia.
este amor que te foi oferecido, doado, implorado até...
se foi em brumas de nada ou de tudo, quem saberá?
mas hoje não te povoa a mente, nem desmente o Tempo que se atreve a teus espelhos, de alma ou de vidro.
lamento por ti, que nunca soubeste o que tinha nas mãos e que atiraste janela a fora, sem se perguntar o porquê.
hoje ela chora em outros braços.
aquele amor a ti destinado tomou novo ritmo
e vagarosamente, a 80km/h por hora, viaja terras desse País para ser amada como apenas desejou. tudo que queria esta mulher, era te amar.
mas nunca prestando atenção, teu olhar chegou atrasado.
e talvez, quem saberá?
tu sentirás falta daquela mão serena, presente
amorosa mão que te acumulava os dias.
mas...
tu não sabias.
enfim.


albanegromonte