março 21, 2007

Para Quem Sabe

um dia acordas, olhas no espelho e não te reconheces.
"não pode ser eu!"
mas, o Tempo, amigo, é certo feito flecha de Cupido e sabe o que faz.
esta ruga nos lábios, é o beijo desejado, não dado, guardado em novelos de lã.
este franzir de olhos, é o amor que te passou adiante, cavalo selado e não foste com ele.
este traço em três linhas na tua fronte, nada mais que teu recusar ser alguém em outra vida que não a tua.
este esgar irônico nos teus lábios ressequidos por falta de beijos, vem da tua descrença no impossível de alguém te amar mais que a tu mesmo foste capaz.
é, meu caro, este espelho não te mente.
creia.
este amor que te foi oferecido, doado, implorado até...
se foi em brumas de nada ou de tudo, quem saberá?
mas hoje não te povoa a mente, nem desmente o Tempo que se atreve a teus espelhos, de alma ou de vidro.
lamento por ti, que nunca soubeste o que tinha nas mãos e que atiraste janela a fora, sem se perguntar o porquê.
hoje ela chora em outros braços.
aquele amor a ti destinado tomou novo ritmo
e vagarosamente, a 80km/h por hora, viaja terras desse País para ser amada como apenas desejou. tudo que queria esta mulher, era te amar.
mas nunca prestando atenção, teu olhar chegou atrasado.
e talvez, quem saberá?
tu sentirás falta daquela mão serena, presente
amorosa mão que te acumulava os dias.
mas...
tu não sabias.
enfim.


albanegromonte

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