junho 09, 2011
para Clarice,
volta e meia encaro minha alma e pergunto se ela assim tão desabotoada não se ressente das ausências, das incertezas do tempo, das tristezas perenes e das pequenas alegrias inválidas,
pergunto, pois nunca sei o que há por dentro deste corpo meu que se dissolve em partículas incautas que se jogam pelo caos que existe nos buracos negros ou azuis.
há um quê de misericórdia nestes espelhos onde mal me percebo as rugas, os fios de cabelo branco... e há mesmo caridade divina nesta limitação que tem meu olhar neste momento tão impiedoso.
e há ainda um vazio enorme cá no peito, onde apanha um coração que desavisado insiste nas memórias de dias que se foram sem olhar pra trás, sem despedidas e sem fotografias para lembrar.
e há esta imagem de mim que desconheço, que nem sei se é real, pois tão misteriosa é tal presença em minhas andanças em labirintos espelhados que nem Jorge poderia me explicar.
e não me salvo desta condenação. nem sei se quero me salvar.
apenas adormeço esperando o dia que vem pálido enquanto as lentes de vidro não me alcançam ali, bem na hora em que o bem-te-vi me vê e canta sem me ver.
albanegromonte
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8 comentários:
Estranho o que sinto ao ler-te...Fico na dúvida. A qualidade literária não está em causa. Não contigo...Mas...
Viver é complicado:)
M., gostei tanto da sua estranheza ao ler-me... quisera traduzir. Como fazer isso?
Sim, viver é complicado demais.
suas visitas sempre me alegram!
Beijos
O espelho apenas reflete... nós que sofremos, ou não... abraço
Isso fala bem perto de mim
sentabale
Ivan, espelhos sempre me amedrontaram,, e o reflexo dele tantas vezes me viu sofrer... outras não: apenas fechei os olhos.
gosto de te ver aqui.
abraço
abraços
Clayton, partner!
se falou assim tão perto, foi eco.
sentabale, sempre, anh?
e beijos
Alba, que linda sua escrita. Fico orgulhosa de ser sua amiga. Preciso vir aqui mais vezes, preciso aprender poesia como quem sorri ao nada, alimentar-me de letras, palavras, rimas.
Bj carinhoso Betinha
Betíssima!
Nem imagina como me fez feliz neste dia que quase se acaba nas horas que voam impiedosas pelo relógio inquieto.
Obrigada, amiga e mestra das coisas indizíveis, dos instintos e premoniçoes, que tanto atraem os que de você precisam.
Beijos enormes e toda minha admiração e carinho.
Seja sempre bem vinda.
Há muito de mim, por aqui, mesmo nos textos que copio de outros...
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