hoje acordei despetalada. olhei-me no espelho sem me ver a face, pois recusei a muleta dos óculos. acordei triste, e já dizia o roqueiro tupiniquim nos versos infantis: " eu não nasci de óculos, se estou triste eu tiro os óculos e não vejo ninguém"
nem eu.
em meio a onda de dor que me atingiu, dor física, entenda. a tal que me rasga os músculos intercostais, como bem descreve o bom doutor que me alivia com seus remédios que nada remediam. mal remendam; segui pelas horas inválidas, buscando palavras para um poema, ou mesmo para uma carta que já há tanto tempo devo a resposta.
quis chorar, mas o coração machucado secou o leito dos olhos. e no caminho do meu pensamento, tinha uma pedra, uma montanha, um vulcão.
acendi um cigarro tentando decifrar na fumaça assassina, os segredos do futuro que já chegou. e nada me foi mostrado além do que já soubera no sonho de ontem à noite.
ouvi ao longe, o canto do bem-te-vi. mal te vi hoje quando saiu para o trabalho.
serenei o tremor nas mãos com uma xícara de café e me vesti de saudade de um tempo que nem sabia tão longe.
e é longa a distância entre estes dias tortuosos e aqueles apenas tortos. daqueles, eu trouxe as letras confusas, afogadas num papel azul-oceano. destes, ainda nem consegui salvar um minuto.
e enquanto observo o céu que se tinge de cinza (chove às vezes neste lado do Equador), ouço a realidade impressa que me chama da porta. é o despertador quem me acorda de mim.
albanegromonte
Um comentário:
=~
Pesado...........
;)
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