outubro 17, 2008

Para Nabokov


Entrou no elevador carregando a correspondência e o pote de sorvete. No apartamento acendeu a luz e ligou a TV. Depois do banho, cheirando a sabonete, pingou uma gota de perfume entre os pêlos bem cortados do sexo e vestiu uma calcinha branca. TRIMMM... era ele. Deixou o telefone tocar mais uma vez, depois apagou a luz e deitou no chão... Agora ouvia. A voz não tinha nome, não tinha rosto, mas dizia tudo que seu corpo precisava. Desbravava a própria pele, que incendiava às palavras dele. Penetrava-se em dedos e unhas , molhava, ardia... fechava os olhos e a voz lhe enfiava a língua no ouvido, nos seios, no umbigo... gemia ... o prazer vinha devagar, num crescente absoluto, de dentro da sua alma, tornando a voz rouca, até explodir em grito sustenido. Ainda em transe de gozo, desligou o telefone, vestiu um pijama de lã e sentou-se para esperar a novela começar. Enquanto tomava o sorvete de chocolate.

albanegromonte

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