
Que tipo de amor, vai embora sem deixar marcas?Que tipo de amor deixa você prosseguir tranquilamente sem sentir pontada qualquer de dor?Onde existiu amor, sempre sobra depois a dor.Felizmente, para mim, onde existiu dor, hoje se esbalda o amor...
Mas como sou poeta, posso sempre fingir, onde não mais encontro dor, que há. Pois é desta cor que se faz a Poesia.
Vermelha.
E quando minha alma se inclina, tanto que
tropeça nas dormentes das linhas que o Destino riscou nas minhas mãos,
volteio correntes de flores que deposito no altar do Tempo.
Dragão tatuado no meu pescoço pisca centelhas de fogo celestial,
e dobro os joelhos diante do espelho que reflete a cruz que dorme no meu
umbigo
(imploro ao vento: me leva daqui)
Então através da cortina do sentimento que corre feito trem nos
sulcos da minha face, observo o quarto vermelho sangue
logo ali no peito cicatrizado, onde
acontecimentos tardios,
detém-se nas paredes e átrios
remoendo e colhendo flores de dores, de desenganos e de saudades,
rasgando feridas
desfolhadas e inacabadas
dentro deste quarto vermelho,
para onde o vento Mistral que soprou vida em mim,
leva na sua dança de mistérios,
as evidências da morte que ali se fez há tanto.
(contemplo os campos repletos: gosto daqui)
albanegromonte
2 comentários:
O começo me lembrou boa parte do meu passado.
Pior que onde existiu dor que foi preenchida com amor agora também divide o espaço com mais dor...
Hum...
Mas ainda que doa, sempre vale a pena.
(este é o lugar comum mais verdadeiro que existe, Mr Crow, acredite)
Grande beijo
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