
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner Andresen
Livro Sexto (1962)
*foto: capa do CD Desert- Emillie Simon
6 comentários:
Belo poema, escrevi recentemente um texto sobre Sophia lá no meu mundo. É uma autora surpreendente que utiliza as imagens de uma maneira muito forte em seu trabalho.
Coisa boa te ver aqui, Kovacs!
Saudades.
Estou em falta ainda com você, mas não esqueci seu pedido, viu?
E sim, a Sophia é mesmo maravilhosa.
Beijos.
Eu li a matéria do Kovac e lá postei uma poesia em retribuição à lembrança dessa grande artista, e para não dar tratamento diferente para coisas iguais, tomo a liberdade de reciprocar a sua com esta aqui:
"Intacta memória —se eu chamasse
Uma por uma as coisas que adorei
Talvez que a minha vida regressasse
Vencida pelo amor com que a sonhei. "
São doces como a sua memória e lembrança.
Beijos.
Que lindo contraponto, Djabal!
O interessante é que eu não tinha visto o post do Kovacs.
Você sempre aquela coisa toda.
Beijos
Nossa, já ouvi falar bastante de você pelo seu irmão e agora me sinto honrado de ser do agrado de uma moça de tamanho bom gosto. =D
Gostei muito de Sophia. Ainda não conhecia o trabalho dela e gostei deste.
Adoraria ser um Cronopio Rebelde. Você já é da família Internauta tbm ;)
Bjos, até mais.
Muito legal, ver você por aqui.Eu que me sinto honrada, ora...
E faça um passeio por aqui, que verá muita gente na qual mal se fal (incluindo esta Lady...:D)
Já virou Cronopio!!
E gratíssima por me incluir na família.
Beijos
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