maio 07, 2008

Da Série Gaveta Aberta



Estrelas De



Horas todas passam por mim
enquanto sentada, frente a frente com o relógio
percebo que são elas, soldados números
que escapolem do espelho onde
perco minha imagem e semelhança
com qualquer personagem que tenhas lido.
Eu e as Horas somos.
quem diria não, neste instante de ser contente?
brincar de colibri, de flores em plástico
de bombas chocolate e pára-raios nas cortinas
arremedadas no fogo de vela que nunca se acende.
Ah.
Mas e o que seria desta fumaça insana se não fossem teus ruídos
fundo do poço onde me enlevo
e bebo em cada palavra um algoz xarope amargo
(doença se cura com dor e com remédio ruim)
poço onde emposso tua imperatriz de gelo
ante meu caliente e enorme coração que nunca
nem hoje que, aprende a desbater...
Coração este que grita, sussurra e treme bambu que é
não quebra, não parte, não rasga
embrutece e logo mais se acende em colares de topázios colhidos numa rua
mineira ou baiana
quem saberá com certeza?
era brilho, isso eu vi.
e se aquele vitral lilás trouxer a luz do sol se pondo
será quase noite e eu te esperarei numa colina
vestida de branco
flor vermelha no cabelo e pés descalços
de tanto caminhar
e mesmo que chegue a madrugada sem ti
acenderei fogueiras de nossos sentires
e deixarei que anjos bebam deste vinho
neste cálice
seio meu
guardado pra ti.
Um dia.
Ou outra tarde
virás
e eu saberei de ti quem era desde o princípio
quando Tudo era o caos
e nem estrelas eram pó.

albanegromonte

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