
então te digo assim de repente, à queima-roupa, ferindo o meu peito, que vou partir de ti.
enquanto me resta agonia alguma de viver
enquanto as magnólias de veludo não se transmutam em cravos de mortos.
e te digo ainda
que minha ausência nas horas inválidas
não serão mais que estranhamentos de Poeta
de joelhos diante do Tempo que passa.
passei um Tempo
passarás também, Tempo que leva um Centauro pra cruzar o jardim, e Tempo todo
necessário que seja
pra apagar o que nunca chegou a ser escrito na lousa negra do meu céu
por enquanto sem estrelas
mas com espaçonaves várias a partir e chegar
em tormentosas viagens para lugar nenhum
nenhum lugar
onde estaria você
em cores e ao vivo
feito a fotografia que trago de ti dentro de um livro do Julio
que traz um post it amarelo
onde diz
- um beijo-
e coisas mais,
que melhor não lembrar
pra não estalar os cristais frágeis da minha fatigada alma
então olho para dentro do espelho
quebrado por dentro e mal refletindo o leve sorriso que me
rasga as entranhas viciadas na tua voz e no fogo da tua existência
- e o riso é o avesso da lágrima- disse o poeta lusitano
e me vejo dissolvida em lágrimas de saudade tanta
do pouco tão pouco que tive de ti
em mim, se é que.
e busco na melodia de um blues o que encontraria num tango
dançado na parede
a esperança de não seguir
caminho errado
estrada facilitada pela tristeza
pelo grito enviesado da dor na mente
dos poetas ensandecidos
ditos assim pela poeta do Sul
e sinto piedade das flores de Outubro
que brotaram prematuras
e morreram sem florir ao certo
qual fruta colhida antes da estação
cheia de amargor
penso que nos colhemos antes da hora
não era o minuto inventado em meu relógio ansioso
nem a tua falta de marcadores do Tempo
era o átimo
da espera
da maturidade
do fruto caindo da árvore
ou da flor nascida antes de ser arrebatada pelo deus sol, ainda molhada em orvalho
- perfeição de hora natureza.
e somos flores de Dezembro, em Junho ou Setembro
sem estações
na solidão
dos que beberam
além da conta
enquanto um jazz se mesclava na noite
que se via passar na janela fechada do apartamento ao lado
onde tudo era visto com os olhos virados para dentro
como carta de tarot
- que antecipou tudo que acontecerá
comigo e com você ali do outro lado da luarua
quando isto tudo acabar
e só à memória das peles
será um dia permitido relembrar
albanegromonte
3 comentários:
Quanta inspiração. Meu Deus, é lindo mesmo!
Passei para matar saudades e deixar um beeeeijo :)
Nossa adorei
beijos.. te cuida bem!
Linda e caudalosa reflexão!
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