dezembro 17, 2006

Promessa De Estrela


Este foi escrito sobre um mote de Manuel Bandeira. Outro dos meus adorados poetas.

Enquanto brilha em fagulhas aéreas, etéreas a estrela do meu ser, adormece em meu colo o sonho de te ter um dia, quem sabe, além deste telescópio desatinado onde abrigo teu riso e teu segredo, agora também meu estrela cadente, caída, citada no meu verso reverso e transverso que fala de ti, para ti meu bem-querer tão doido, doído e desencontrado. pinto um quadro com tuas cores e espelho no chão em ponta de estrela fugitiva, fugidia que se esculpe em sombras e mármore, que se esconde na fotografia instantânea onde vi teu peito nu, e descalço os pés e piso em pétalas, em correnteza de rio que se encontra com o mar na vertigem de uma onda mansa e louca que desmaia na areia onde vejo o grão da saudade que me invade da tua voz rouca, da tua voz que atravessa o espaço vítreo e virtual das fontes cristalinas onde as páginas do livro que não li se amontoam molhadas e as palavras todas que tinha para te dizer, o que, já não sei, fogem, escapolem em epígrafe, prefácio, legendas e lendas, e eu no olho de furacão tão sereno, enquanto o mundo todo se dana, sigo esperando que este sentimento que não sei qual é se solte ou se amordace, se vá ou se deixe ficar no balanço das horas, no suor fino que salta dos meus poros quando te acho onde nunca te vi, ou senti, tanto faz, pois fecho os os olhos e lá estará tu... e meu gemido abissal com os olhos fechados e com todos os sonhos abertos... e a música não pára e a música não deixa que eu te esqueça, e é o blues que tocou no filme, e é o quadrinho animado, a pérola que se perde no tapete, o bicho de pelúcia sorridente ante a vela e o incenso que meu anjo pediu... enigma de estrela vadiando em meu céu cortado por um jato, por um pássaro de luto, minha janela lateral que se abre para o Atlântico, e o mundo é tão grande ... mas ainda vou te encontrar, minha prenda, estrela da vida que eu queria ter e terei. Eu sei.

albanegromonte

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