dezembro 17, 2006

FenDas


Flor em brasa queima a folha. Serena folha que não sabia dos calores que se davam nessas horas. Língua farta onde se farta de seiva doce e macia. Onda de desejo vendaval de cores e sonhos nunca planejados. Ela. Em pele, carne e osso, sobre seu corpo mais carne que quando não era batizada. Pecado extremo, que deus nenhum há de perdoar. Vigia da porta do inferno chama em canções medievais - venha... solte as amarras que a prendem... Cabelos se enrodilham em pêlos curtos e os seios duros e tensos se encontram em harmonia.Sintonia, sinfonia de quereres e arderes em claves de Mi e Sol. Sol que esfria ao vê-la em agonia de não temer o que deve... Escultura viva em meio ao desatino que é sempre ver o que não se quer, o que não se quis, o que não se acreditou ser capaz de existir... e ela existe. E dentro de você ela roda, que nem pião em mão de menino abençoado. Ela deita com você e acorda seus sonhos de mulher pacata, trazendo suores e prazeres, dando-lhe a mão que simboliza o tudo. E tudo é ela. Ela que se invade de luzes, calores e dores. Ela que quer sair do seu sonho, para viver em você no dia que amanhece através da cortina puída do que você quis ser um dia. Ela é você ontem, quando a dureza da vida engatava rés e primeiras avançando sinais e conceitos. Ela existe e mora ao lado da sua alma envelhecida pelos nãos que a vida lhe deu. Ela é o fim e começo de tudo. Dê-lhe a sua mão e todo sim será seu. E ele não terá mais vez neste sofrer em vão.

albanegromonte

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