setembro 01, 2006

Da Série Beija-Flor (3)


... já que você não aparece,
visto uma roupa de sol e saio pela noite absurda,
confusa e obtusa noite que se abre que nem meu coração pro seu dizer
- e eu quase acreditei, que fosse para mim
as palavras ajuntadas em versos
em um querer submerso em dúvidas de coração
que não sabe bem como é amar
fronteira do destino configura o mapa
e vejo como é distante a tua janela do meu olhar empenado
por tanto perder luzes&cores.
remendo o buraco no peito e costuro em linha de tricô
um infinito azul pra separar você de mim
e você não aparece nem pergunta como estou
e se eu estivesse agora mesmo num esquife à beira do rio
que cruza minha cidade esperando a chuva piedosa
que me levasse pro olhar de Caronte
- e eu sem moeda alguma vagaria pelo inferno
buscando Beatriz que nunca quis me fazer feliz
que nem você que num minuto abre por inteiro a guarda
e me deixa penetrar alma adentro
e depois, logo depois
me fecha portas&janelas
me jogando no canto escuro da mente
- de onde nunca devia ter saído
de que adianta conhecer a Luz
saber o sabor do prazer
do sorrir
do querer mais uma vez ainda
e sempre
se é pra arrancar fibra a fibra cada naco de um peito
que tanto dói chegando a incomodar.
mas insisto em procurar por seu olhar
numa estrela vazia
no luar que um dia pousou de você pra mim
ou num verso tenso que mal julguei
já pensei
-tola que sou,
ser para mim
e já que você não aparece
visto a túnica amarela
da agonia
do desamor
da tristeza que acompanha quem só
quer mesmo nesta vida mesquinha e dura
ser um pouco feliz
e me vou noite afora,
com você sempre&sempre por dentro

albanegromonte

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