agosto 19, 2006

Coisas De Amor


Desalento entre instantes de sorrir.
Espinho moderado na garganta que esfola mas não mata.
Gato com rato na boca (já viu?), parece que brinca com a vítima, mas olhando bem
é tortura que aprisiona, solta, empurra, traz para si, afasta, morde, mastiga, sopra descansa, olha de novo, pega tritura e enfim
dá o suspiro com olhos virados para o céu e misericórdia de deuses desconhecidos,
a patada final que apaga a última estrela de diamante que brilhava no olhar do rato agora purificado.
O gato era quem o rato amava e não sabia, em sua pureza dos que mal nasceram, mal desconfiando que ele, o rato, era a presa;
e o gato, na essência natural das leis que regem a natureza, o predador.
Descansa agora o gato, deitado em almofadas de cetim, lambendo os pêlos, esperando a próxima entrada.
O rato perdido entre cometas suicidas e densas florestas de musgo e magnólias descoloridas, ainda sofre e chora a perda do amor.

albanegromonte

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