julho 29, 2006

Destarte


orquídeas de pano se acumulavam nestes anos de procuras vãs,
e eu, desavisada do que era prazer, limitava ao gesto vago, ao suspiro fugaz,
o que se chamava desejo.
mas hoje, sem aviso ou preparo
as orquídeas desvestiram os molambos
e se abriram em luz&cor
e como se não fosse eu, mulher feita
desvirginei o prazer da rosa ensanguentada no lençol de seda branca.
descobri quase tardiamente o que existe por trás do silêncio do tempo que se revigora
na carne, na pétala desfolhada,
no perfume dos cabelos lavados
da flecha em arco
sobre meu corpo suado
descobrindo antes do apocalipse
que sou mulher.

albanegromonte

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