julho 30, 2006

de Um Vinho à tarde


Tanto Tempo, e nada passa neste tolo coração que teima em sentir tua ausencia empoeirada nos restos deixados na casa que um dia foi tua também.
O Sol me acorda todos os dias e me diz solene que é feliz.
A Lua me acalenta as pernas através dos lençóis mesmos que te cobriram um dia e me diz também com mais cuidado... Ele é feliz...
E eu persigo este esquecimento que não vem.
Esta dor que me atormenta noite e dia, como se fosse eu um templário que precisa se castigar pelo pecado de amar sem fronteiras de nada.
Minha pele te acha nos mais escondidos desejos, e meu corpo cansado de buscas inglórias implora teu toque, tua voz serena e plena em meus ouvidos.
Onde estás eu sei.
Bastaria um passo, dois passos e me postaria em tua porta pra acreditar nesta verdade absoluta que deuses e demõnios me clamam sempre que abro os ouvidos pra eles..
Mas recuo. Mudo o caminho. Evito os lugares onde sei, estarás.
Acendo velas, rogo aos deuses, procuro xamãs e este amor não se vai.
Trezentos dias de dor e desprazer.
Trezentos dias em que hesito entre a bala de prata, a imensidão do mar, ou uma parede bem colocada.
Pedras no meu bolso.
Vazio no peito.
Não me permito a felicidade que assombra meus medos.
E se de novo for um engano?
Por que me deixaste no abandono?
Com que tortura me arrancaste a alma, a vontade de viver, a sanidade.
Com que direito me tomaste o que mais tinha em mim?
Alegria de viver.
Quimera hoje imposível de alcançar.
Tuas canções ecoam pelo corredor
Tua marca, marca o colchão e teu cheiro persegue minhas narinas
Meus olhos te vêem através do real sentido de que enfim
Nunca foste mesmo, meu.
Tanto tempo.
tantos enganos.
E eu aqui, sentada no muro.
E quem tirou o tijolo?

albanegromonte

Um comentário:

Menina disse...

Mil vezes lindo!Senti tudo isso aqui,agora,neste momento!Tão perfeito que chega a entranhar...

Xêro de amor.