"Vamos morrer, mas somos sensatos,
E à noite, debaixo da cama,
Deixamos, simétricos e exatos,
O medo e os sapatos".
E à noite, debaixo da cama,
Deixamos, simétricos e exatos,
O medo e os sapatos".
Pedro Mexia, in Senhor Fantasma, Oceanos, 2007
e desnuda-se minha alma aos poucos,
em versos incompletos,
em detalhes que se vão pelos ares de Agosto, mês que se passa hoje.
e nunca em tão poucas horas, se fez uma coisa assim.
que nome terá, este sentir que nasce e se derrama pelas escadas molhadas de lágrimas passadas, pelas pedras que se amontoam nas arestas dos caminhos por onde passamos?
e que sentir é esse que atravessa mapas estrangeiros, poemas indecifráveis, enigmas, vozes, emoção e mais além?
que enlouquece que nem o vento fotografado faz com os Humanos?
que partilha uma estrada, uma visão, uma melodia riscada à meia-boca, um verso ucraniano que salta das páginas do livro amado, um fragmento de nada, que de repente cresce e vira Tudo...
e como se faz quando a tela mostra um nó cego que tudo vê?
- as perguntas se amontoam em caixas que apelidamos de Febres.
e há sempre um dia que só amanhece na palavra esperada,
há uma noite que se guarda silenciosa e fria,
uma morte anunciada, renegada, protelada e amaldiçoada desde então.
há um quê de pecado nisto tudo
e um insano incontrolavel desejo de saber:
quem é você?
Lady C.
3 comentários:
oLA! vi que tem muita sensibilidade...pelos seus post...inclusive enviei uma frase sua para o meu blog!
gostaria de lhe convidar para participar do meu blog e também divulgar ou participar do PROJETO SINTONIA.
http://jutilandia-terapeuta.blogspot.com/
desmontando o frevo
desmontando
o brinquedo
eu descobri
que o frevo
tem muito a ver
com certo
jeito mestiço de ser
um jeito misto
de querer
isto e aquilo
sem nunca estar tranqüilo
com aquilo
nem com isto
de ser meio
e meio ser
sem deixar
de ser inteiro
e nem por isso
desistir
de ser completo
mistério
eu quero
ser o janeiro
a chegar
em fevereiro
fazendo o frevo
que eu quero
chegar na frente
em primeiro
Pareceu que você quis cometer uma transcrição em prosa da poesia do Leminski. De ser meio a meio sem deixar de ser inteiro. Só mistério.
Quantas perguntas amontoadas em caixas de bocas abertas, esperando o fruto, resignadas. Mas não vi pecado nisso tudo. Vi o incontrolável e declarado desejo.
Lindo como sempre. Ah você, Lady. Beijos e aquela coisa toda.
Postar um comentário