outubro 28, 2010

Saudades de Alice



"Por isso, ela ficou ali, de olhos fechados e quase acreditou que também ela estava no País das Maravilhas, embora sabendo que lhe bastaria abrir os olhos, para que a realidade monótona regressasse de novo - a relva restolhada por causa do vento, a água agitava-se por causa dos juncos, as chávenas a chocalhar eram os badalos das ovelhas, e os gritos agudos da rainha eram os gritos do pastor - e os espirros do bebé, os gritos do Grifo e todos os outros estranhos barulhos eram somente (como ela sabia) os barulhos normais de uma quinta - enquanto que os sons do gado ao longe tomariam o lugar dos soluços pesados da Tartaruga Fingida.
Por fim, pensou que a sua irmã pequenina havia também ela de vir a ser uma Senhora; e em como ela guardaria para sempre o coração simples e doce da infância; e em como ela reuniria crianças em seu redor e, por sua vez, lhes faria os olhos brilhar com histórias que lhes contaria, talvez até mesmo o sonho do País das Maravilhas; como ela compreenderia os seus pequenos problemas e as suas pequenas alegrias, recordando a sua própria infância e os dias felizes do verão".



Lewis Carroll

2 comentários:

M. disse...

Nem as sombras que pairam sobre o autor retiram a maravilha que é ler a Alice!

Lady Cronopio disse...

Certamente, querida M. A maravilha desta história que não envelhece é tão consistente que resiste a qualquer ameaça...
Beijos e sempre grata por você aqui