
Persecuta
Como em tantos e tantos de seus pesadelos, começou a fugir, apavorado. As botas dos perseguidores soavam e ressoavam sobre as folhas secas. As onipotentes passadas se aproximavam, num ritmo enlouquecido e enlouquecedor. Há não muito tempo, sempre que entrava num pesadelo, sua salvação consistia em despertar, mas a esta altura os perseguidores haviam aprendido o truque e já não se deixavam enganar. Contudo, desta vez voltou a surpreendê-los. No exato instante em que os sabujos acharam que ia despertar, ele, simplesmente, sonhou que dormia.
Mario Benedetti, tradução de Yara Camillo (autora dos livros de contos Hiatos (RG Editores, 2004) e Volições (Massao Ohno, 2007), além de tradutora, dramaturga e diretora de teatro).
2 comentários:
Para cruzá-la ou não cruzá-la
eis a ponte
na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país
beijos, e aquela coisa toda de sempre.
"Um pessego e um país..."
Que lindeza!
Atravesso.
Beijos
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