dezembro 02, 2008

Tempos Idos



Bilhete


e é por mim e por ti,
que lanço fogo às vestes desta saudade invertida
e atiro aos pés da santa, as pedras que carregava no bolso
antes de entrar no mar.
é por nós, amor meu,
que gravito em torno de Mercúrio
deixando a Lua para teus olhos
por ti e por mim,
esqueço a última canção que ouvimos
o teu cheiro que ainda impregna os lençóis
a tua marca no meu corpo
tua imagem do outro lado do espelho onde sempre me vejo antes de sair para a luta diária.
crucifico as lembranças todas, tão tolas
em pérolas no pescoço
e recolho ao tambor a bala de prata
engasgo a pílula
o veneno
e me agarro no parapeito da janela antes de pousar no chão quente logo ali na frente
aguardo o sinal abrir
teu olhar surgir
(esta cidade nunca foi tão grande)
e nunca te vejo além da velha fotografia
ou da memória de tantos sóis poentes.
e é ainda teu gosto, que me vem na língua
quando atravesso o deserto sem luar e sem fim
tentando apenas te esquecer

albanegromonte

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