dezembro 12, 2008

Para Quem Joga Amarelinha


A Lebre hoje foi ferida no coração.
Setas enviadas por anjos também machucam.
A Lebre chorou tanto que nem viu o Cronopio a seu lado oferecendo-lhe um lencinho bordado com uma violeta, que é a cor mais linda que a Maga gostava quando brincava de Amarelinha nas palavras de Cortazar.
Hoje a Lebre nem viu se fez sol, ou se choveu.
Nuvens fofinhas baixaram a seu lado para que brincasse de balançar no céu, mas as lágrimas embaçavam-lhe os óculos, os olhos...
As lágrimas corriam tanto, que um rio se formou ao lado da árvore, que depois cresceu mais e virou um oceano. Aí, uma caravela lusitana apontou no horizonte trazendo Famas que dançavam catalas e Esperanzas desconsoladas com a mudança.
Ouviu-se um suspiro ao longe, e o Jaguadarte acordou pra ver o que acontecia.
Da caravela desceu um menestrel, que cantou uma valsinha.
A Lebre sorriu um sorrisinho meio sem graça, mas achou bonito tanta gente querendo fazê-la feliz.
Deu um beijo no poeta menestrel, ameigou a cabeça do Jaguadarte, daçou catala com as Famas e com as Esperanzas e depois abraçou seu querido Cronopio, aninhando-se em seu peito para dormir com um leve ar de insanidade.

albanegromonte

*indiscrições sob páginas de Cortazar e Carroll

Nenhum comentário: