dezembro 02, 2008

Fendas

Flor em brasa queima a folha. Serena folha que não sabia dos calores que se davam nessas horas. Língua farta onde se farta de seiva doce e macia. Onda de desejo vendaval de cores e sonhos nunca planejados. Ela. Em pele, carne e osso, sobre seu corpo mais carne que quando não era batizada. Pecado extremo, que deus nenhum há de perdoar. Vigia da porta do inferno chama em canções medievais - venha... solte as amarras que a prendem... Cabelos se enrodilham em pêlos curtos e os seios duros e tensos se encontram em harmonia.Sintonia, sinfonia de quereres e arderes em claves de Mi e Sol. Sol que esfria ao vê-la em agonia de não temer o que deve... Escultura viva em meio ao desatino que é sempre ver o que não se quer, o que não se quis, o que não se acreditou ser capaz de existir... e ela existe. E dentro de você ela roda, que nem pião em mão de menino abençoado. Ela deita com você e acorda seus sonhos de mulher pacata, trazendo suores e prazeres, dando-lhe a mão que simboliza o tudo. E tudo é ela. Ela que se invade de luzes, calores e dores. Ela que quer sair do seu sonho, para viver em você no dia que amanhece através da cortina puída do que você quis ser um dia. Ela é você ontem, quando a dureza da vida engatava rés e primeiras avançando sinais e conceitos. Ela existe e mora ao lado da sua alma envelhecida pelos nãos que a vida lhe deu. Ela é o fim e começo de tudo. Dê-lhe a sua mão e todo sim será seu. E ele não terá mais vez neste sofrer em vão.



albanegromonte

2 comentários:

Unknown disse...

Li uma poesia da Veronika Volkow, bisneta do Trotsky, ela me lembrou o que você havia escrito. Quem sabe você gosta?

LABIRINTO



Com minha vida escrevo
o rastro de uma estrela,
um labirinto em que acesa ando.
Imersa na sombra

mirada plena,



Há um vôo que abre
a luz no interior
um caminhar sensível,
e cuidado

do coração desperto.

Beijos.

Lady Cronopio disse...

Se eu gostei?
Adorei, Djabal.
Você encontra cada coisa...
Beijos