julho 28, 2008

Primeiro Amor


para Gustavo

quisera eu de ti ter sido sempre amor.
ainda que não fossem os laços embaraçados de tempos
que já nem contamos,
seríamos ecos de nossos ensaios em muros caiados
e bilhetes por baixo da cadeira
sim, eu seria tua desde o primeiro bater tambor de coração
e serias meu, sem atalhos ou desventuras.
nas noites e dias que se seguissem
meu peito furacão te envolveria e dos meus braços
serias algemas
nada mais além de nós a nos bastar
sede de mar doce
rio desavisado correndo entre as pernas nossas
embaralhadas no desatinado destino que sempre foi este de agora
(estava escrito)
flores de fevereiro brotando em pés de maracujá
teu olhar sobre o meu
sorriso meu sobre tua boca
e guardando nas mãos o anel de Saturno
te ouviria um dia dizer
meu amor
e quisera eu ter sido sem abismos
sempre este teu.
e estes passados caminhos tortos
trilhas e atalhos incertos
aqui nós no presente
embrulhados no mesmo tecido de sempre:
a pele que guardava na memória
o cheiro e o desejo de ter sido ponte entre os tempos
nós e este amor.
o primeiro último infinito querer.

albanegromonte

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo isso

Gustavo deve de estar a sorrir

Lady Cronopio disse...

E eu também, por vê-la aqui!
Beijos