março 11, 2008

Tulipe Noir


...



já que você não aparece,

visto uma roupa de sol

e saio pela noite

absurda, confusa e obtusa noite

que se abre que nem meu coração pro seu dizer

- e eu quase acreditei, que fosse para mim

as palavras ajuntadas

em versos

em um querer submerso em dúvidas

de coração que não sabe bem como é amar

fronteira do destino

configura o mapa

e vejo como é distante

a tua janela do meu olhar empenado

por tanto perder luzes&cores.

remendo o buraco no peito

e costuro em linha de tricô

um infinito azul pra separar você de mim

e você não aparece

nem pergunta como estou

e se eu estivesse agora mesmo num esquife

à beira do rio que cruza minha cidade

esperando chuva piedosa que me levasse

pro olhar de Caronte

- eu, sem moeda alguma

vagaria pelo inferno

buscando Beatriz que nunca quis me fazer feliz

igual a você

que num minuto abre por inteiro a guarda

e me dexa penetrar alma adentro

e depois, logo depois

me fecha portas&janelas

me jogando no canto escuro

da mente

- de onde nunca devia ter saído

de que adianta conhecer a Luz

saber o sabor do prazer

do sorrir

do querer mais uma vez ainda e sempre

se é pra arrancar

fibra a fibra

cada naco de um peito que tanto

dói

chegando a incomodar.

mas insisto em procurar

por seu olhar numa estrela vazia

no luar que um dia pousou de você pra mim

ou num verso tenso

que mal julguei

já pensei

(tola que sou)

ser para mim

e já que você não aparece

visto a túnica amarela da agonia

do desamor

da tristeza que acompanha

quem só quer mesmo

nesta vida mesquinha e dura

ser um pouco feliz

e me vou noite afora,

com você sempre&sempre por dentro


albanegromonte

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