
...
já que você não aparece,
visto uma roupa de sol
e saio pela noite
absurda, confusa e obtusa noite
que se abre que nem meu coração pro seu dizer
- e eu quase acreditei, que fosse para mim
as palavras ajuntadas
em versos
em um querer submerso em dúvidas
de coração que não sabe bem como é amar
fronteira do destino
configura o mapa
e vejo como é distante
a tua janela do meu olhar empenado
por tanto perder luzes&cores.
remendo o buraco no peito
e costuro em linha de tricô
um infinito azul pra separar você de mim
e você não aparece
nem pergunta como estou
e se eu estivesse agora mesmo num esquife
à beira do rio que cruza minha cidade
esperando chuva piedosa que me levasse
pro olhar de Caronte
- eu, sem moeda alguma
vagaria pelo inferno
buscando Beatriz que nunca quis me fazer feliz
igual a você
que num minuto abre por inteiro a guarda
e me dexa penetrar alma adentro
e depois, logo depois
me fecha portas&janelas
me jogando no canto escuro
da mente
- de onde nunca devia ter saído
de que adianta conhecer a Luz
saber o sabor do prazer
do sorrir
do querer mais uma vez ainda e sempre
se é pra arrancar
fibra a fibra
cada naco de um peito que tanto
dói
chegando a incomodar.
mas insisto em procurar
por seu olhar numa estrela vazia
no luar que um dia pousou de você pra mim
ou num verso tenso
que mal julguei
já pensei
(tola que sou)
ser para mim
e já que você não aparece
visto a túnica amarela da agonia
do desamor
da tristeza que acompanha
quem só quer mesmo
nesta vida mesquinha e dura
ser um pouco feliz
e me vou noite afora,
com você sempre&sempre por dentro
albanegromonte
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