setembro 09, 2010

Poema





Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura 



Mário Cesariny
 

6 comentários:

Menina disse...

Que coisa mais linda!

Alexandre Kovacs disse...

Lindo poema! Tem João Cabral de Melo Neto no Mundo de K, aparece por lá!

Unknown disse...

Um leitor comentando o escrito de outro, este último mais atrevido, pois catava as palavras daqui e dali para dar a sua interpretação do que houvera lido, conseguiu resumir seu pensamento dizendo o seguinte: você escreveu tudo isso e apenas revelou a ausência. Essa poesia, escolhida, tem ritmo, tem gosto, tem sonoridade e cadência. E só fala da ausência. Como ela fica bonita e dolorida, não?
Beijos, menina e a.c.t. Sempre.

Lady Cronopio disse...

Menina, é de fato, muito belo este escrito...
Grata pela visita.
Besos

Lady Cronopio disse...

Olá, Kovacs!
Sempre um prazer tê-lo por perto.
Aguarde, que já visito seu blog.
Beijos

Lady Cronopio disse...

Ausência quando dolorida, parece até mais bonita, não é mesmo, Djabal?
E você... ah, pra você eu já não tenho mais como dizer.
Talvez a.c.t. e mais beijos!