"Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós".
Clarice Lispector
e então eu pinço de um escrito, o verso que queria te fazer.
ponto.
e não mais, além deste abismo que nos acena,
e nós, embalados pelas tantas dores já vividas e por todas as dificuldades com que a Vida já nos presenteou, atrasamos o passo, paramos bem na ponta, quando um impulso de vento qualquer poderia nos jogar além de lá...
e o que haveria depois?
que mutilação de sentir seria mais clara que todo este momento sagrado
que nos une a cada manhã que se abre com um bilhete trazido no bico de um pássaro louco, ou pelas pétalas da flor colhida no desenho da blusa que visto?
e todos esses instantes roubados de outros,
crescem e se tornam tempestades de saudades inexplicáveis e tudo se amplifica:
- a voz, a canção, o diário de um dia distante, a foto da criança desconhecida, um pedaço de caminho percorrido, o fragmento do livro não lido por puro ciúme de si mesmo...
e tanto mais se transforma em festa para meus olhos que só enxergam se vestidos pelas lentes (isto eu sei, que te preocupa)
mas vejo. vejo a ti, a tua sombra e teu desejo de estar aqui.
como eu sinto em mim, o crescer enlouquecido que nem ouso nomear
de tomar um trem, um avião, ou uma jangada despida de mapa,
só para olhar em teus olhos, fechá-los para te ver melhor, e te ouvir todas as histórias que existem, e que eu nem sonhava
e sim, sou Menina
perante a toda esta palavra que entre aturdida e emocionada, leio e abro o coração diante.
sei que haverá o dia.
amassado dia, que nem um poema de Blake, em que as configurações do Sr. V. não serão fortes o bastante para conter o riso que daremos, e o abraço que sonho em te dar.
Lady Cronopio,