Como se houvesse uma tempestade
Escurecendo os teus cabelos
Ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,
Carregada de flor e dos teus dedos;
Como se houvesse uma criança cega
Aos tropeções dentro de ti,
Eu falei em neve, e tu calavas
A voz onde contigo me perdi.
Como se a noite viesse e te levasse,
Eu era só fome o que sentia;
Digo-te adeus, como se não voltasse
Ao país onde o teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
E sobre as nuvens mar perfeito,
Ou se preferes, a tua boca clara
Singrando largamente no meu peito.
Eugénio de Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário