fevereiro 05, 2008

Adeus


Como se houvesse uma tempestade


Escurecendo os teus cabelos


Ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,


Carregada de flor e dos teus dedos;


Como se houvesse uma criança cega


Aos tropeções dentro de ti,


Eu falei em neve, e tu calavas


A voz onde contigo me perdi.


Como se a noite viesse e te levasse,



Eu era só fome o que sentia;



Digo-te adeus, como se não voltasse



Ao país onde o teu corpo principia.


Como se houvesse nuvens sobre nuvens,



E sobre as nuvens mar perfeito,



Ou se preferes, a tua boca clara



Singrando largamente no meu peito.





Eugénio de Andrade

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