nasci pelo avesso.
segurei nos cornos uterinos da minha mãe, e não tinha quem me arrancasse dali.
só a ferros. como de fato aconteceu.
depois veio meu nome.
o avesso de mim. parece brincadeira: a brancura que ele inspira, contra a cor da minha pele.
um dia, brincando embaixo da mesa, ouvi meu pai dizer que queria mesmo que eu fosse menino.
explicados então, meus brinquedos esquisitos: carrinhos, revolveres, estilingues, pião, bola-de-gude...
era o avesso do sexo.
então fui pra escola e cada vez mais avessa, conversava com amigos invisíveis
vivia perdida nos livros
e nada sabia da tabuada.
avessamente cresci, e aprendi a gostar de bonecas.
aí meu irmão nasceu, e virei mãe aos sete anos.
nas horas de folga, cantava com o cabo da vassoura fazendo as vezes de microfone
e tendo como platéia, Sansão (o papagaio) e o gato da vez (foram tantos, e morriam tragicamente, sendo logo substituídos para que meu choro não acordasse a vizinhança e o bebê)
cresci mais um pouco, vivi meu primeiro amor com o filho da professora de Francês
e aprendi que homem não presta desde pequenininho.
fiquei avessa ao amor, e meti a cara nos livros (até de Matemática)
virei estrela do colégio
meus pais me mandaram pra estudar na Capital com tranças nos cabelos e cheirando a talco.
levava uma boneca escondida na mala, as fotografias dos gatos, a lembrança de um olhar que eu teimava verde e O Grande Gatsby para ler na estrada.
segurei nos cornos uterinos da minha mãe, e não tinha quem me arrancasse dali.
só a ferros. como de fato aconteceu.
depois veio meu nome.
o avesso de mim. parece brincadeira: a brancura que ele inspira, contra a cor da minha pele.
um dia, brincando embaixo da mesa, ouvi meu pai dizer que queria mesmo que eu fosse menino.
explicados então, meus brinquedos esquisitos: carrinhos, revolveres, estilingues, pião, bola-de-gude...
era o avesso do sexo.
então fui pra escola e cada vez mais avessa, conversava com amigos invisíveis
vivia perdida nos livros
e nada sabia da tabuada.
avessamente cresci, e aprendi a gostar de bonecas.
aí meu irmão nasceu, e virei mãe aos sete anos.
nas horas de folga, cantava com o cabo da vassoura fazendo as vezes de microfone
e tendo como platéia, Sansão (o papagaio) e o gato da vez (foram tantos, e morriam tragicamente, sendo logo substituídos para que meu choro não acordasse a vizinhança e o bebê)
cresci mais um pouco, vivi meu primeiro amor com o filho da professora de Francês
e aprendi que homem não presta desde pequenininho.
fiquei avessa ao amor, e meti a cara nos livros (até de Matemática)
virei estrela do colégio
meus pais me mandaram pra estudar na Capital com tranças nos cabelos e cheirando a talco.
levava uma boneca escondida na mala, as fotografias dos gatos, a lembrança de um olhar que eu teimava verde e O Grande Gatsby para ler na estrada.
era o avesso das revistas da moda.
e ainda gostava de Chico Buarque&cia, ouvia Beatles e Genesis
quando o in, era Michael Jackson
aos 13 anos, avessei a adolescência
e tive que ser mulher sem nem ter menstruado.
aprendi a endurecer, sem perder a ternura, quando soube que existia Guevara.
chorava escondida no banheiro e escrevia longas cartas pra ninguém.
e a solidão me parecia tão natural...
entrei na faculdade aos 16.
tive que avessar os longos cabelos com franja, os vestidos floridos, os ursinhos de pelúcia
e aprendi a fumar, a beber e a passar noites em claro filosofando em alemão.
neste tempo, fui desaprendendo a desamar.
e me apaixonei tantas vezes
(ilusões avessas de quem não tinha crescido por dentro)
era virgem quando minhas amigas faziam abortos.
e avessei tanto a verdade, que acabei trepando sem lembrar que era a primeira vez.
não foi nada romântico.
e fui sofrendo os avessos da vida
até me dizerem que era uma cidadã.
passei a me sustentar, pagar impostos e saber o valor de um dia de trabalho duro.
e assim o avesso de mim desde o começo
começo a entender agora a dicotomia que em mim existe.
quando sou doce, lambuzo tudo a meu redor
quando quero bem, arranjo oito braços de prender,
quando penso que perdi, choro e ninguém liga
quando me sinto forte, todos se encantam
quando piso fundo, o poder exala do meu sorrir
quando estou triste, tudo ao meu redor fica escuro
mas se dou uma gargalhada, os girassóis giram ao sabor do vento e faz-se a luz
quando me amo, mesmo sendo avesso dos desejos que penso ter
o homem que está a meu lado se joga a meus pés
e quando me atiro nos seus braços
ele reluta e se afasta
então meu avesso é que é direito.
o que vejo no espelho não é reflexo
é a realidade.
eu sou avessamente deliciosa
quando me permito ser o que vejo através das minhas próprias retinas
e hoje, já usando truques de beleza para indefinir a idade real
sei que serei sempre a mesma menina que avessa de tudo
segurou firme nos cornos uterinos da mãe
e de lá só saiu a ferros!
uma guerreira. valente e vitoriosa mulher
que não tem vergonha de aprender como se goza.
albanegromonte
e ainda gostava de Chico Buarque&cia, ouvia Beatles e Genesis
quando o in, era Michael Jackson
aos 13 anos, avessei a adolescência
e tive que ser mulher sem nem ter menstruado.
aprendi a endurecer, sem perder a ternura, quando soube que existia Guevara.
chorava escondida no banheiro e escrevia longas cartas pra ninguém.
e a solidão me parecia tão natural...
entrei na faculdade aos 16.
tive que avessar os longos cabelos com franja, os vestidos floridos, os ursinhos de pelúcia
e aprendi a fumar, a beber e a passar noites em claro filosofando em alemão.
neste tempo, fui desaprendendo a desamar.
e me apaixonei tantas vezes
(ilusões avessas de quem não tinha crescido por dentro)
era virgem quando minhas amigas faziam abortos.
e avessei tanto a verdade, que acabei trepando sem lembrar que era a primeira vez.
não foi nada romântico.
e fui sofrendo os avessos da vida
até me dizerem que era uma cidadã.
passei a me sustentar, pagar impostos e saber o valor de um dia de trabalho duro.
e assim o avesso de mim desde o começo
começo a entender agora a dicotomia que em mim existe.
quando sou doce, lambuzo tudo a meu redor
quando quero bem, arranjo oito braços de prender,
quando penso que perdi, choro e ninguém liga
quando me sinto forte, todos se encantam
quando piso fundo, o poder exala do meu sorrir
quando estou triste, tudo ao meu redor fica escuro
mas se dou uma gargalhada, os girassóis giram ao sabor do vento e faz-se a luz
quando me amo, mesmo sendo avesso dos desejos que penso ter
o homem que está a meu lado se joga a meus pés
e quando me atiro nos seus braços
ele reluta e se afasta
então meu avesso é que é direito.
o que vejo no espelho não é reflexo
é a realidade.
eu sou avessamente deliciosa
quando me permito ser o que vejo através das minhas próprias retinas
e hoje, já usando truques de beleza para indefinir a idade real
sei que serei sempre a mesma menina que avessa de tudo
segurou firme nos cornos uterinos da mãe
e de lá só saiu a ferros!
uma guerreira. valente e vitoriosa mulher
que não tem vergonha de aprender como se goza.
albanegromonte
3 comentários:
quando penso que perdi, choro e ninguém liga
eu perco nem penso e me torno sem saber o q, rrss
vc se entrega totalmente de um jeito forte e vivo, são boas as suas palavras
quando penso que perdi, choro e ninguém liga
oh, eu ligo
!
"Meio atrasado"
Nossa!!!
Poesia Punk?
Isso aqui tá abandonado hein?
Precisando de umas atualizações
Hehehehehe
Beijos
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