dezembro 17, 2010
Shiraz
sendo a palavra o caminho do teu coração
-escrevo.
descalço-me dos medos que apertam-me as sandálias
e piso em ruas de pedras quentes
disparando estrelas mudas
entre linhas e tintas
que sob teu olhar atento
serão convertidas em poesia.
albanegromonte
Encomenda
Desejo uma fotografia
como esta — o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria
como um vestido de eterna festa.
Como tenho a testa sombria,
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.
Não meta fundos de floresta
nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.
Cecília Meireles
A Casa
o silêncio tem vozes sem nome
que não possuem sossego até serem ouvidas
a casa que habitamos ecoa memórias
uma porta entreabre-se para o fundo de um grito
como se por um momento tudo regressasse à sua morte
os contornos da terra hesitam em sua posição
um lume mínimo espanta-nos os dedos
e é uma força subtil
algo dentro e fora da casa nos convida à totalidade
porém o fogo reclama ainda o nosso corpo
um passo mais e a solidão será real
Vasco Gato
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